O militar dá, ao seu superior, continência. O advogado argui jurisprudência. Será que todos os juízes julgam com decência? O advogado é proibido, em determinado cartório, de ter acesso à sua dependência. Percebe-se na justiça certa falência. E quase todos os “políticos” só se preocupam com a concupiscência. A indústria, pelo seu produto, pede a preferência. O artista, no palco, quer a sua assistência. A criança quer sua benevolência. O jovem, o adulto e o idoso esperam dos gestores da coisa pública total transparência, mas a grande maioria da classe “política” só se preocupa com a concupiscência. O pobre está cada vez mais em constante decadência. O miserável suplica indulgência. Nem todo estudante pode se aprofundar na ciência. Na maioria das escolas públicas percebe-se uma verdadeira excrescência. Mas, o que se verifica em quase todas as ações de muitos “políticos” é o exercício da concupiscência. O escritor externa suas ideias com consciência. O pequeno comerciante luta pela sua sobrevivência. Nem todo funcionário público tem preferência. Muitas cidades vivem em eterno estado de emergência, porque a grande parcela dos “políticos”, mormente destes complexos demográficos, só se preocupam com a concupiscência.
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A maioria das pessoas vive pedindo clemência. Desde o tempo da escravocracia ocorre essa indecência. Mas, a democracia nada mudou com a sua “nascêntia”, porque quase todos os “políticos” só se preocupam com a concupiscência. O turismo deveria ter melhor aparência. O transporte é tratado com negligência. No trânsito, verifica-se uma verdadeira degenerescência, porque a politicagem só se preocupa com a concupiscência. O sistema de saúde, o desemprego, as redes de educação e a administração pública de quase todos os municípios brasileiros, continuam em constante estado de urgentíssima urgência, porque muitos políticos que estão à frente do negócio público só se descambam para a concupiscência.
O renomado escritor português Abílio Manuel de Guerra Junqueiro que viveu no século 19, salvo melhor juízo, escreveu as palavras que se seguem referindo-se à política e à sociedade Portuguesa de antanho: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, aguentando pauladas, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai…Uma burguesia cívica e corrupta até a medula, não discriminando já o bem do mal…Que descamba na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo… Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo…A justiça ao arbítrio da política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas…Partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero”. Será que é coincidência, ou essas palavras do nobre escritor Guerra Junqueiro fazem a gente lembrar o Brasil?
O Brasil foi basicamente colonizado pelos portugueses. Será que eles trouxeram de lá e plantaram aqui, na consciência do nosso povo humilde, a aceitação resignada da falta de transparência da grande maioria de gestores da coisa pública e a cegueira eterna de não ver punidos os que praticam a corrupção no decorrer da longa história da “política” brasileira?
No Brasil, não são apenas pessoas da “burguesia cívica e politicamente corrupta até a medula que descambam na vida pública”, mas também pessoas sem expressão na “vida íntima” que enveredam na vida pública e que já tem história de vivência social e “profissional” em desonradez contumaz. O pior é que agora, com muitas pessoas no Brasil que não reagiam e não mostravam os dentes, com o programa “bolsa família”, assiste-se a uma catalepsia geral. Deus não socorre aqueles e aquelas que dormem. ACORDEM brasileiros e brasileiros, nessas eleições próximas vindouras. O Poder é do POVO.
Vale esclarecer ao leitor que a palavra CONCUPISCÊNCIA, inserida no presente artigo, é no sentido de: “desejo intenso de obter bens e/ou gozos materiais.
Escrito por: Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky – [email protected]