Quatro deputados federais da Bahia usaram recursos públicos para pagar por reportagens e entrevistas sobre eles em jornais, sites e rádios do interior do estado ao longo do ano passado. Levantamento da Satélite sobre a cota parlamentar identificou 59 notas fiscais emitidas por empresas pela publicação de matérias sobre os deputados. O maior número de documentos encontrados foi de Waldenor Pereira (PT) – 24 notas. Ele pagou, em 2017, R$ 18,2 mil a um jornal e um site pela publicação de matérias dele. Quem mais gastou com a compra de espaço editorial foi Irmão Lázaro (PSC), com R$ 50,2 mil para rádio. As regras permitem despesas com divulgação da atividade parlamentar, mas não fazem referência direta a compra de material jornalístico.
José Nunes (PSD) desembolsou R$ 24,7 mil a uma rádio em 2017 para que entrevistas com ele fossem realizadas pela emissora. Luiz Caetano (PT) completa a lista, com uma nota. Ele pagou, em abril, R$ 1 mil para a publicação de matéria sobre ele em uma rádio de Irecê.
Na descrição dos serviços prestados, os recibos dos quatro deputados fazem referência nítida à publicação de matérias. Nas notas fiscais de José Nunes, o serviço é caracterizado como “divulgação de entrevista do mês do deputado”. O recibo ainda descreve os temas abordados por ele. Já Irmão Lázaro pagou pela veiculação de “matéria legal” em programas de rádios, alguns no horário nobre das 12h. Waldenor Pereira, conforme a descrição do serviço, pagou pela “publicação de matérias” no jornal. Já Luiz Caetano, pela “veiculação de notícias”. Os quatro se diferenciam dos demais baianos, que informam nas notas o caráter publicitário do conteúdo para a divulgação da atividade.