A desembargadora do Tribunal da Justiça da Bahia (TJBA), Ilona Reis, foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além dela, os advogados Marcelo Junqueira Ayres Filho, Fabrício Bôer da Veiga e Júlio César Cavalcanti Ferreira também foram denunciados pelos crimes. Eles são investigados na Operação Faroeste.
De acordo com o MPF, os quatro pertenciam a um grupo criminoso cuja dinâmica era organizada em quatro núcleos: judicial, causídico, econômico e de defesa social. Este último foi criado depois, supostamente, para blindar os demais núcleos. Ilona Reis teve prisão temporária decretada em 14 de dezembro, e está presa preventivamente desde o último dia 19.
Os valores envolvidos na ‘trama’ objeto da denúncia são estimados em R$ 800 mil, com pagamentos da ordem de R$ 300 mil em dinheiro com o objetivo de não deixar pistas da vinculação criminosa entre os integrantes da organização criminosa.
A denúncia diz que a organização criminosa montada pela desembargadora Ilona Reis, teve os advogados Marcelo Junqueira e Fabrício Bôer como principais operadores. Um colaborador, que apresentou provas, seria o responsável por pagar e confeccionar as decisões, dentro dos parâmetros ilícitos acordados entre os integrantes do grupo.
O MPF ressalta que o grupo atuou entre setembro de 2019 e dezembro de 2020 para obter vantagens econômicas cometendo os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
“A desembargadora Ilona Reis teve atuação central na organização criminosa em questão, exercendo o comando do grupo. Não obstante, a subsistência do grupo criminoso dependia da articulação e operacionalização dos ilícitos, a qual se dava, majoritariamente, pelo intermediador Júlio César”, diz um dos trechos da denúncia.
Já o advogado Marcelo Junqueira, agindo sob as ordens e atendendo os interesses dela da magistrada e negociava diretamente as decisões judiciais. Ele atuava na operacionalização do recebimento dos valores pelo grupo, e mantinha interlocução com Júlio César e Ilona Reis. Júlio era o responsável por redigir decisões judiciais, assinadas por Ilona, para beneficiar outro braço da organização criminosa que agia no Oeste baiano, liderado por Adailton Maturino. E Fabrício Bôer, segundo o MPF, era quem entregava as propinas a Júlio César.