Considerado uma unidade de referência em traumatologia, ortopedia de média e alta complexidade, neurologia e neurocirurgia, cardiologia e cirurgia cardíaca, além de cirurgia de urgência, o Hospital Regional da Costa do Cacau (HRCC), no município de Ilhéus, no Sul da Bahia, está literalmente deixando pacientes “amargarem” na lista de espera da regulação, com inevitáveis e evidentes riscos de morte, e mostra de total sensibilidade e desatenção por parte do poder público à saúde dos pacientes.
Segundo informações de pacientes que buscam a unidade para cirurgias de emergência e que requerem intervenções imediatas e de pronta resposta para não piorarem o seu estado ou até evitar que possam chegar a óbito, a demora tem sido absurda. Este é o caso de dona Lindalva de Jesus Carvalho, 77 anos, natural de Camamu-BA. Acompanhada das filhas Raylinda Carvalho Santos e Lindivalda Andrade, ela se encontra desde o dia 29 de outubro desalentada e com fortes dores, controlada por medicação forte, aguardando para fazer uma cirurgia devido à queda e fratura do fêmur.
A primeira cirurgia iria acontecer no dia 08 de novembro, mas foi cancelada e remarcada para o dia 15 de novembro, mas esta também foi novamente cancelada. A família já não sabe mais o que fazer diante de tanta dor e da demora exacerbada para realização da cirurgia. “Estamos muito preocupadas porque ela já aguarda há muito tempo neste sofrimento e é uma senhora idosa com várias comorbidades. Não imaginei que um hospital com esta estrutura não pudesse fornecer o básico em uma situação dessas de extrema urgência, que é o procedimento cirúrgico e a assistência. A informação é de falta de leito de UTI, mas por mais de 18 dias a fio é inadmissível. Alugamos um quarto em uma casa ao lado do hospital e não esperávamos que ficássemos este tempo todo em uma situação tão grave”, informa Lindivalda, a filha mais velha.
Em abril deste ano, um médico do hospital, em denúncia ao site Fábio Roberto Notícias, também falou sobre a falta de cuidados prestados aos pacientes, o atraso de salários dos funcionários, e a falta de material básico. “Tem dias que falta até papel higiênico para usar no banheiro, falta insumo, material de orto e prótese, para cirurgias ortopédicas”.
De acordo ainda com a denúncia, pacientes com mais de 30 dias aguardam cirurgia, adquirindo várias outras comorbidades. “A incompetência da gestão é nítida, não conhece a unidade e nem sabe das prioridades e dos insumos críticos”. Sobre o descaso na administração do Costa do Cacau, gerido pela empresa IBDAH, segundo as informações do médico, várias medicações deixam de ser administradas em prontuário médico por falta de antibiótico, anti-inflamatório e analgésico, precisando trocar por diversas vezes a prescrição para tentar colocar o que dizem que tem no hospital, e no dia seguinte, não tem mais. Enquanto isso, ressalta, pacientes morrem de infecção renal crônica e agravam o quadro de saúde sem insumo para diálise.
Com 225 leitos, o HRCC é a maior obra de saúde pública da Bahia nos últimos 35 anos e presta serviços de média e alta complexidade ambulatorial, de diagnose e terapêutica e internação hospitalar, envolvendo as especialidades clínica (geral, cardiologia, saúde mental e neurologia) e cirúrgica (geral, ortopedia, neurocirurgia e cardiovascular). Além de Ilhéus, mais de 70 municípios da região são atendidos no hospital.