Retorno às tradições. Assim foi definida a Lavagem da Catedral de São Sebastião, realizada nesta quinta-feira (18). O início das festividades, uma das mais importantes manifestações religiosas de Ilhéus, ocorreu no Sindicato dos Estivadores, com batucadas e samba de roda comandados pelos líderes religiosos de matrizes africanas. O cortejo de fé arrastou uma multidão, que saiu da Avenida Dois de Julho e percorreu as principais ruas do Centro Histórico em direção às escadarias da Catedral, local onde acontece o ritual.
Presente durante todo o cortejo, o prefeito Mário Alexandre afirmou que além de integrar o calendário turístico, o evento traz uma mensagem de tolerância, união e respeito. “É uma honra e uma grande alegria promover esse momento, parte do reconhecimento da nossa cultura afro-brasileira. Estamos resgatando as festas populares e muitos turistas levarão a rica história de Ilhéus para diversas partes do Brasil e do mundo”. O vice-prefeito Bebeto e a deputada estadual Soane Galvão também prestigiaram o evento.
A manifestação aconteceu no mesmo dia em que o navio Costa Diadema desembarcou no Porto do Malhado, trazendo a bordo aproximadamente cinco mil passageiros. O casal de São Paulo, Gustavo e Fernanda Migliorini, relatou a experiência positiva em conhecer a Bahia e uma parte cultural de Ilhéus. “Primeira vez que visitamos Ilhéus e fomos surpreendidos com essa festa. Queremos conhecer também os pontos turísticos e aproveitar cada momento nessa belíssima cidade”, comentou Gustavo.
Movidos pela fé, devoção, música e alegria, muitas pessoas vestidas de branco acompanhavam o trajeto arrastado por um mini trio no ritmo percussionista dos blocos afros. A lavagem é a manutenção da tradição, a fim de que as pessoas se sintam representadas dentro da sua própria cultura. A festa também faz referência à inserção das religiões de matriz africana nas manifestações culturais do município.
Baianas com trajes típicos desfilaram caracterizadas, carregando jarros com água de cheiro e as vassouras para realizar a limpeza das escadas. A ilheense Mariana Velloso frequenta a festa há bastante tempo, e contou que “o momento é sempre histórico. Uma manifestação que resgata a nossa ancestralidade”.
A festa, idealizada pelos estivadores, acontece desde a primeira metade do século XX, sendo uma manifestação marcada pela fé, emoção e homenagens ao padroeiro da categoria, São Sebastião.