“A crise não é uma característica que surge do nada; ela é uma consequência de falhas sucessivas”, escreveu o autor francês Albert Camus, refletindo sobre os impactos de crises políticas e sociais. Na Bahia, a crise de segurança pública está longe de ser um simples sintoma de passageiro. Estas questões estruturais que, se não enfrentadas com urgência, podem comprometer seriamente a estabilidade do estado e as perspectivas eleitorais de Jerônimo Rodrigues em 2026.
A escalada da violência nas cidades baianas, especialmente em Salvador, tem se tornado cada vez mais alarmante. Ataques de facções criminosas e o aumento do tráfico de armas e drogas tornam a questão da segurança um dos maiores desafios do governo estadual. O governador Jerônimo, em busca de soluções, tem tentado dividir a atribuição com o governo federal, pedindo por maior fiscalização nas fronteiras, mas uma resposta eficaz ainda parece distante. Embora busque desviar parte da responsabilidade para o governo federal, a sensação de impotência da administração estadual diante da crise tem alimentado um sentimento crescente de insatisfação na população, o que pode afetar sua imagem política.
A fragilidade das instituições que deveriam garantir a segurança, aliada à falta de integração entre os diferentes níveis de governo, contribui para uma sensação crescente de insegurança. Em um momento de crise, isso cria um terreno fértil para movimentos de extrema direita, que apresentam soluções rápidas e autoritárias, apelando para o medo e o desespero das pessoas. O fortalecimento desses movimentos não deve ser subestimado, especialmente quando a população se vê sem respostas claras e eficazes para problemas urgentes como a violência.
Não se trata de um colapso imediato da gestão de Jerônimo, mas de um cenário que exige atenção cuidadosa. O governo precisa oferecer uma solução satisfatória à crise da segurança pública que pode resultar em um desgaste político específico, ou que, por sua vez, impactaria diretamente a disputa pela reeleição em 2026. As críticas da oposição de forma direta de ACM NETO, bom lembrarmos a todos os baianos que a crise na segurança pública tem suas raizes lá atrás com o Carlismo, a popularização pode tornar o cenário eleitoral mais desafiador para o atual governador, que precisará responder a essas questões de forma eficaz e urgente.
É importante notar, no entanto, que a crise de segurança é apenas uma das várias questões enfrentadas pelo governo, e o contexto baiano é mais complexo do que a simples falência das instituições ou a ascensão da extrema direita. Há também uma realidade de dificuldades financeiras, desigualdade social e demandas de toda a população por políticas públicas mais eficazes.
O grande desafio de Jerônimo Rodrigues será equilibrar a gestão da segurança pública com um discurso de mudança real, que restaure a confiança da população e fortaleça as instituições do estado. Se o governo não conseguir apresentar soluções mais concretas e rápidas, há o risco de que, em 2026, as urnas possam refletir uma insatisfação generalizada, favorecendo a ascensão de alternativas políticas que prometem uma resposta mais incisiva, mas que nem sempre têm soluções viáveis a longo prazo.
O cenário não é definitivo, mas a análise dos próximos meses será decisiva para definir o rumo da política baiana nos próximos anos. A pressão sobre Jerônimo será grande, e ele precisará demonstrar capacidade de adaptação, gestão eficiente e uma resposta concreta para a segurança pública, caso queira garantir não apenas a estabilidade de sua administração, mas também as condições necessárias para sua reeleição.
Artigo assinado pelo professor Emenson Silva.