O transporte público em Ilhéus virou sinônimo de humilhação, atraso e descaso. Estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e de escolas públicas, junto à União Municipal dos Estudantes de Ilhéus (UMES-IOS) e à União Estadual dos e das Estaduais da Bahia (UEES-BA), decidiram que não vão mais aceitar calados. Com um grito coletivo, eles lançaram uma campanha pública com um abaixo-assinado que exige soluções reais e urgentes para o caos do transporte coletivo da cidade.
A mobilização denuncia que as péssimas condições dos ônibus não apenas afetam o direito de ir e vir, mas comprometem a qualidade da EDUCAÇÃO, A SAÚDE MENTAL E A DIGNIDADE do povo ilheense.
“A gente não está implorando, não estamos pedindo favor, estamos exigindo o que é nosso por direito. A Constituição garante educação, lazer, o direito de ir e vir. Mas em Ilhéus, esses direitos são arrancados da população todos os dias por causa de um transporte público vergonhoso, humilhante, que desrespeita a nossa dignidade. Isso é um crime contra o povo, e a gente não vai mais aceitar calado”, declarou Allvaro Garrido, vice-presidente da UEES-BA e estudante da UESC.
Em menos de 24 horas, o movimento bateu a marca de 500 assinaturas*, e agora segue em marcha para ultrapassar 1.000 assinaturas até este fim de semana. A insatisfação tomou conta das ruas, das universidades e das redes sociais. É um movimento legítimo, popular e urgente.
Allan Dellon, presidente da UMES-Ilhéus, reforça o compromisso da entidade com a luta: “fui eleito há menos de um ano pelos estudantes de Ilhéus, e fiz um juramento: lutar por cada um deles. Não importa quem esteja no poder, enquanto eu estiver à frente da UMES, ninguém vai calar a voz dos estudantes dessa cidade. Eu sei o que é se sentir abandonado, sei o que é olhar pros lados e não ver ninguém lutando por você. Foi isso que me trouxe até aqui. Decidi ser aquilo que um dia eu precisei: alguém que enfrenta, que grita, que não se dobra. A UMES vai ser um lar de resistência, um abrigo de coragem, e um campo de batalha pelos direitos dos estudantes. Quem tentar nos ignorar vai ouvir nosso grito mais alto do que nunca.”
A campanha “Transporte Público Não É Esmola” nasceu exatamente dessa necessidade de romper com o silêncio e a conivência. O transporte coletivo é uma necessidade básica, não é benefício, nem esmola.
Daniel Afonso, diretor de Relações Institucionais da UMES-Ilhéus, resume com clareza: “essa luta não é só dos estudantes tem que ser de todo mundo. Quem trabalha pega ônibus, CLT pega ônibus, Autônomo pega ônibus, Professor, idoso, desempregado, até político se hoje não pega, já pegou. O transporte público é uma necessidade básica, não é favor, não é esmola. A gente precisa unificar essa pauta e parar de olhar pra ela com filtro político. Foi por isso que nasceu a campanha: Transporte Público Não É Esmola. É direito, e a gente vai cobrar como tal.”*
AS REIVINDICAÇÕES SÃO CLARAS E IRREVOGÁVEIS:
– Abrir licitação para novas empresas;
– Ponto de recarga para as carteiras dentro das universidades;
– Passe livre estudantil;
– Aumento da frota para todos os bairros e distritos;
– Ampliação dos horários de circulação;
– Estender os horários de encerramento das frotas;
– Mais ônibus nos fins de semana;
– Meia-passagem para trabalhadores aos fins de semana e feriados;
– Ônibus elétrico para minimizar impactos no meio ambiente e reduzir custos com abastecimento;
– Aceitar pagamento por Pix e Cartão ao recarregar os passes;
– Mais pontos de recarga dos cartões espalhados pela cidade;
– Volta dos cobradores visando mais agilidade e segurança;
– Abertura de uma CPI do transporte público.
Esse movimento não é apenas de estudantes. É de todos. É do trabalhador que espera horas no ponto, da mãe que precisa levar o filho ao médico, do idoso que não aguenta mais ser desrespeitado, do jovem que sonha com uma cidade mais justa. Mas não adianta só reclamar. Não adianta só postar indignação.
Abaixo-assinado disponível nas redes da UMES-Ilhéus e UEES-BA.