Ah, o verão em Ilhéus. As praias lotadas, o comércio pulsando, os turistas explorando cada canto dessa cidade encantadora. E, como já virou tradição, o início da alta temporada traz consigo não apenas sol e mar, mas também toneladas de baronesas, uma planta aquática que se prolifera em locais poluídos e desce o Rio Cachoeira e outros, arrastando lixo e muitos problemas, sem pedir licença.
As baronesas, embora naturais dos rios, são um alerta de que algo está profundamente errado. Onde elas florescem em abundância, há manipulação. Elas carregam não só o que o rio tem de melhor – sua água e nutrientes –, mas também o que há de pior: resíduos, plásticos, esgoto e tudo aquilo que as cidades acima do curso d’água não enxergam. E quem está na foz, como Ilhéus, precisa lidar com as consequências, mesmo não sendo responsável pela origem do problema.
A presença constante dessas plantas nos períodos de chuva é um lembrete de como o desafio ambiental não é apenas sobre meio ambiente, mas também sobre economia e turismo. Turistas que esperam encontrar praias limpas e convidativas se deparam com praias tomadas por baronesas e resíduos, o que prejudica diretamente o setor mais importante para a cidade, neste período do ano.
Ilhéus, sozinha, segue enxugando gelo. Sem o apoio de instâncias maiores, qualquer ação local para remover as baronesas é apenas paliativa, incapaz de resolver a verdadeira causa do problema. É aqui que o poder político precisa entrar em cena. Cabe ao prefeito local articular com o estado e o governo federal para buscar ajuda imediata, tanto para lidar com o problema pontual, como para implementar soluções de longo prazo que garantam que essa invasão anual de baronesas não continue acontecendo.
Investimentos em saneamento básico nos municípios do rio acima, medidas de fiscalização e projetos de revitalização ambiental devem ser defendidos com força política, por meio de diálogo e pressão estratégica. Sem isso, Ilhéus continua pagando o preço de um problema que não começou aqui, mas que encontra aqui o seu fim.
O verão deveria ser um tempo de festas e prosperidades, mas, enquanto o ciclo das baronesas e da poluição se perpetuar, será também uma temporada de prejuízos. Ilhéus merece respeito. E isso começa com um esforço conjunto para resolver de vez o que desce rio abaixo.